Laceração no parto normal: graus, tratamentos e recuperação

18 de novembro de 2025

A laceração no parto normal é uma das intercorrências que podem ocorrer durante o nascimento do neném.

Ela ocorre quando há ruptura dos tecidos do períneo, região entre a vagina e o ânus, devido à passagem do bebê pelo canal de parto. 


Embora muitas vezes seja leve e cicatrize espontaneamente, em alguns casos pode exigir sutura e cuidados para garantir uma boa recuperação. 


Os sinais e sintomas variam conforme o grau da lesão, mas podem incluir dor, inchaço, ardência ao urinar, sangramento e desconforto ao sentar ou caminhar. 


Reconhecer precocemente esses sintomas e receber a assistência adequada é fundamental para evitar complicações, como infecções ou dificuldade na cicatrização. 


O que é uma laceração no parto normal e por que ela pode acontecer?


A laceração no parto normal é um tipo de lesão que pode ocorrer na região do períneo, área entre a vagina e o ânus, durante a passagem do bebê pelo canal de parto. 


Essa ruptura dos tecidos acontece de forma espontânea, geralmente quando há uma distensão excessiva da musculatura e da pele para permitir a saída do bebê. 


Apesar de poder causar desconforto, as lacerações são comuns e, na maioria dos casos, de grau leve, cicatrizam bem com os cuidados adequados e não comprometem a recuperação da mulher nem futuras gestações.


Quais são os principais graus de laceração e como cada um deles é classificado?


De acordo com diretrizes da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), as lacerações perineais são classificadas em quatro graus principais, conforme a profundidade e as estruturas afetadas:


1º grau: 


Envolve apenas a mucosa vaginal e a pele do períneo, sem atingir o músculo.


É o tipo mais leve, geralmente com cicatrização rápida e pouco desconforto.


2º grau


Atinge a musculatura do períneo, além da mucosa vaginal e da pele.


Costuma necessitar de sutura, mas apresenta boa recuperação com os cuidados adequados.


3º grau


Compromete o esfíncter anal (músculo responsável pela continência fecal), além das camadas anteriores. 


Requer reparo cirúrgico cuidadoso para evitar complicações como incontinência.


4º grau


É a forma mais grave, atingindo também a mucosa do reto. 


Exige reconstrução cirúrgica e acompanhamento pós-parto mais próximo, com orientações específicas de higiene e fisioterapia pélvica.


Em quais situações o períneo tem maior risco de sofrer uma laceração durante o parto?


Alguns fatores aumentam o risco de laceração perineal durante o parto normal, entre eles:


  • Primeiro parto vaginal: mulheres que estão tendo o primeiro parto normal têm maior chance de lacerações devido à menor elasticidade do períneo;
  • Bebês grandes (macrossomia fetal): quando o bebê pesa mais de 4 kg, o períneo sofre maior estiramento, aumentando o risco de ruptura;
  • Parto muito rápido ou muito demorado: tanto a expulsão acelerada quanto o esforço prolongado podem causar maior tensão nos tecidos;
  • Uso de fórceps ou vácuo extrator: esses instrumentos aumentam a pressão sobre o períneo e estão associados a lacerações mais profundas;
  • Posição do bebê (apresentação pélvica ou posterior): posições anômalas da cabeça fetal dificultam a passagem e aumentam o risco de lesões;
  • Episiotomia prévia ou cicatrizes perineais: tecidos previamente lesionados tendem a ser menos elásticos e mais suscetíveis a novas rupturas;
  • Idade materna avançada: com o passar dos anos, há uma redução natural da elasticidade e vascularização dos tecidos vaginais.


Como realizamos o diagnóstico e tratamento desse quadro?


O diagnóstico da laceração no parto é realizado imediatamente após o nascimento, durante o exame físico feito pela equipe médica. 


A obstetra inspeciona cuidadosamente a região do períneo, vagina e canal anal para identificar a presença, o grau e a extensão da laceração. 


A avaliação é essencial para determinar a necessidade e o tipo de reparo e o tratamento dependerá da gravidade da lesão. 


As lacerações de primeiro e segundo grau geralmente corrigimos com suturas simples, utilizando anestesia local e fios absorvíveis. 


Já as de terceiro e quarto grau, que envolvem o esfíncter anal e a mucosa retal, exigem reparo cirúrgico mais detalhado.


A reabilitação pode incluir o acompanhamento com fisioterapia pélvica para fortalecer a musculatura e recuperar a função do assoalho pélvico. 


Quais cuidados a mulher deve ter durante o período de recuperação? Quanto tempo leva para uma laceração cicatrizar completamente?


Durante o período de recuperação, é essencial manter a região perineal limpa e seca, trocar absorventes com frequência e evitar esforço físico excessivo ou relações sexuais até liberação médica. 



Também recomendamos a alimentação rica em fibras e hidratação adequada para prevenir constipação, reduzindo o desconforto ao evacuar. 


recuperacao-laceracao-parto-dra-camila-poccetti-ginecologista-sao-paulo


A cicatrização completa costuma ocorrer entre duas e seis semanas, dependendo do grau da laceração e das condições da mulher.

Em alguns casos, podemos indicar a fisioterapia pélvica para auxiliar na reabilitação muscular e prevenir dor ou incontinência. 


Que medidas podem ajudar a prevenir lacerações no parto?


Algumas medidas podem reduzir o risco de lacerações durante o parto normal.


Confira abaixo:


Massagem perineal no final da gestação


Realizada a partir da 34ª semana, ajuda a aumentar a elasticidade do períneo e a prepará-lo para o parto.


Compressas mornas durante o trabalho de parto


Aplicadas no períneo durante o período expulsivo auxiliam na irrigação sanguínea e reduzem a chance de ruptura.


Posições de parto fisiológicas


Posições mais verticais (como de cócoras ou semi sentada) favorecem o alinhamento do bebê no canal de parto e diminuem a pressão sobre o períneo.


Controle da força de puxo


Evitar esforços intensos e guiados, permitindo que a mulher siga seu próprio ritmo de expulsão, reduz a probabilidade de traumas.


Evitar episiotomias de rotina


O corte cirúrgico no períneo deve ser reservado apenas para casos realmente necessários, já que o seu uso indiscriminado aumenta o risco de lacerações mais graves. 


Apoio de uma equipe experiente


Obstetras e enfermeiras obstétricas treinadas podem realizar manobras suaves e proteger o períneo no momento da saída do bebê.


Reforçamos que contar com o acompanhamento da obstetra desde o pré-natal é indispensável para garantir uma gestação e um parto mais seguros.


Esse cuidado contínuo permite identificar fatores de risco para lacerações, orientar sobre exercícios e práticas que fortalecem o assoalho pélvico e, durante o parto, adotar técnicas que favoreçam a proteção do períneo. 


Após o nascimento, o olhar da especialista também é essencial para acompanhar a cicatrização, prevenir complicações e promover uma recuperação completa.


Cuidar da sua saúde íntima e da sua qualidade de vida faz parte de um processo de autocuidado que deve começar antes do parto e seguir no pós-parto. 



Agende uma consulta com a especialista e tenha um acompanhamento individualizado em todas as fases da gestação.


Dra. Camila Poccetti Ribeiro

Médica ginecologista e obstetra especialista em Uroginecologia

 

Conheça a formação da Dra. Camila:

  • Graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp);
  • Residência em Ginecologia e Obstetrícia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) – EPM;
  • Especialização em Uroginecologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) – EPM.

 

A Dra. Camila Poccetti atende em seu consultório em São Paulo, no bairro Itaim Bibi, e oferece uma consulta completa, individualizada e humanizada para mulheres nas mais diversas fases de suas vidas!

Agendar Consulta
Perineoplastia: entenda esta cirurgia!
9 de dezembro de 2025
Quer saber os benefícios e como funciona a Perineoplastia? A Dra. Camila Poccetti Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Pílula anticoncepcional: conheça as alternativas modernas
2 de dezembro de 2025
Quer saber as opções além da Pílula Anticoncepcional estão disponíveis? A Dra. Camila Poccetti Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Pessário vaginal: qual o resultado esperado?
25 de novembro de 2025
Quer saber como funciona e os benefícios do Pessário Vaginal? A Dra. Camila Poccetti Ribeiro é Ginecologista em São Paulo e explica!
Mais conteúdos educativos!